quinta-feira, 16 de outubro de 2008

O casamento

A igreja e o clube, onde seria a festa ficavam em uma praça à uma quadra do hotel. A noite estava tão fria que conseguíamos ver a nossa respiração. Por isso pegamos um táxi porque não queríamos levar casacos ou passar muito frio.
A cerimonia foi muito bonita. Minha prima estava maravilhosa, era um misto de barbie noiva com sereia. Ao final, todos os convidados atravessaram a praça e foram para a festa.
O lugar tinha uma decoração belíssima e a comida estava ótima. Paula, a noiva, sempre amou Salvador e a comida baiana, e por isso uma das entradas foram acarajezinhos, e havia até uma falsa baiana que os servia. Eu e minha mãe ficamos na mesa dos familiares, porém eu não tinha muita intimidade com ninguém que estava sentado lá, já que as minhas primas estavam obviamente muito ocupadas.
Contudo, após algumas horas de champagne e conversa jogada fora, tinha me tornado a melhor amiga de Rafa (um primo), e sua namorada. Carol, a irmã da noiva, nos chamou para dançar, e nós não exitamos.
Minha sandália era linda, mas depois de algumas horas, meus pés já estavam muito doloridos. Queria ficar descalça, só que o chão já tinha recebido algumas doses de copos e não queria me machucar. Decide que iria no hotel pegar minhas havaianas.
Quando voltei à festa, descobri que o noivo tinha ido para o hospital. Seus amigos tinham jogado ele para cima, mas na verdade foi um para cima com uma inclinação de vários graus, o que levou ele a cair de cara no chão. Ele voltou um pouco depois com dois pontos na cabeça, mas como se nada tivesse acontecido.
Não tenho a mínima idéia de que horas eram quando fui embora, mas sei que era bem tarde. Achava que não fazia o menor sentido, ter feito toda aquela viagem e não aproveitar ao máximo o casamento.

Os bastidores do casamento

Acordei no sábado ouvindo o som da chuva, o tempo estava horrível. A mãe e a irmã da noiva tinham acabado de voltar (da primeira fase) do salão de beleza, e então fomos todas almoçar em um restaurante que ficava ao lado do prédio que moravam.

Durante a refeição recebemos uma ligação da noiva, dizendo que havia uma parte da estrada para Ponta Grossa, que estava alagada por causa da chuva incessante. O desespero foi geral, mas meu tio acabou encontrando um caminho diferente para o casamento.

Os pais da noiva saíram primeiro, e enquanto ainda estávamos arrumando uma mala com só o necessário para o dia seguinte, o telefone toca e descobrimos que alguém havia batido no carro deles. Meu primo que estava indo com a namorada em seu carro, saiu para buscar tia Kita e leva-la a Ponta Grossa, enquanto tio Pedro pegava os dados da pessoa que causou o acidente.

Chegamos ao hotel na hora marcada para ir ao salão. Eu só queria uma escova, algo simples, e como já estou acostumada, nem reparei o que a moça estava fazendo no meu cabelo. Quando ela acabou, eu tinha um mini-capacete no lugar onde deveria estar a minha franja. Não sabia o que fazer, todas as convidadas que estavam se preparando lá adoraram, e foi aí que eu reparei que elas tinham feito penteados que ficavam armados, grandes e meio imóveis. Eu e minha mãe chegamos a conclusão que aquele era o estilo que gostavam.

Quando voltamos ao hotel minha franja já estava mais baixa, o que foi um grande alívio, então começamos os preparativos finais para o casamento.

Viajar é preciso

A viagem para mim começa bem antes do dia em que partimos de Salvador para a cidade de destino. Inicia-se quando os planos estão sendo feitos, quando ainda estamos pensando se vai dar certo ou não, se ela vai se concretizar.
Ao comprar a passagem de ônibus, avião, trem, navio, jegue, seja lá qual for o meio de transporte, meu mundo muda. Todo o tempo antes do dia da viagem, acabo pensando sobre ela por pelo menos um minuto por dia, antecipando o que irei fazer e conhecer. Se estou em semana de provas e me sinto estressada, penso que vai ficar tudo bem, porque no final daquela maluquisse eu vou ter a oportunidade de sair dali e me divertir.
Eu amo viajar. Tanto faz se eu vou para a velha e amiga Vitória da Conquista passar uns tempos com minha avó, ou para um lugar novo, como neste julho que fui à Argentina. A espectativa é a mesma. Acho que a mudança de ares me faz bem.
Foi então que, na quinta a noite, do dia 2 de outubro, minha mãe vem me informar que nós vamos para Curitiba participar do casamento de minha prima. Eu simplesmente não tive como dizer não. Fomos correndo para o shopping Iguatemi, porque eu não tinha um vestido longo para usar no dia. Entramos em todas as lojas, e só as dez horas quando tudo estava fechando é que eu consegui encontrar um traje adequado.
Na sexta tive que sair da aula da professora Eliana mais cedo. Cheguei em casa à tempo de almoçar rapidamente e ir direto ao aeroporto. Chegamos em Curitiba à noite.
Porém as aventuras desse fim de semana não estavam nem perto de acabar.

Sempre esperar o inesperado

Apesar de ter procurado informações sobre o que tinha acontecido na semana anterior, todo mundo esqueceu do pequeno detalhe, de que seria uma aula conjunta com a da professora America. Foi uma surpresa saber que íamos ver os trabalhos dos alunos dela, e pra ser sincera um alívio também. Tinha acordado com os olhos super vermelhos e irritados, e apesar de ter regado com um litro de colírio, eles continuavam secos. Achei que não fosse conseguir prestar atenção por que meus olhos simplesmente não queriam ficar abertos, já que estava sentindo uma fotossenssibilidade enorme.
Porém a aula começou com o pé direito, com a apresentação de uma aluna( desculpa mas não me lembro o nome dela) que foi tão carismática e extrovertida que prestei atenção e gostei muito.
A apresentação conjugada dos meninos foi super interessante para mim, adorei o debate do texto de Compagnon, O demônio da teoria, sobre o que seria a literatura.
O intervalo chegou, e como nós éramos os convidados, fomos recebidos com um lanche, que além de gostoso, ajudou muito a deixar todos mais descontraídos.
A sala deles é mais heterogênea que a nossa, que é predominantemente formada por calouros de língua estrangeira. E havia pessoas que eu nunca tinha visto antes no campus. Acho que eu percebi isso, por estar tão acostumada a chegar na aula sexta-feria e interagir com colegas que eu convivia todo dia, e por ter poucos alunos na nossa Oficina, tornando-a mais aconchegante, do que nas aulas em que o professor nem sabe seu nome.
Adorei a união das turmas, mas agora estou muito nervosa, pois semana que vem é a nossa vez de apresentar o blog, e eles que serão nossos convidados.
Não posso me esquecer de levar o bolo!

sábado, 11 de outubro de 2008

Passagens que li e não me esqueci

"Felizes daqueles que não necessitam de livros para pensar; e, evidentemente, infelizes dos que, lendo, não têm senão as mesmas idéias do autor; não sei, na verdade, que prazer podem êstes sentir, e nem posso defini-lo. Mas, para os que estão entre os dois extremos, e suponho que êste é o caso da maioria de nós mesmos, o livro, êste pequeno móvel da inteligência, êsse pequeno instrumento para pôr em atividade nossas faculdades intelectuais, êsse motor do espírito, que supre as deficiências da nossa indolência, e ainda mais frequentemente, de nossas carências, proporcionando-nos o delicioso prazer de acreditar que pensamos, ainda que, na realidade, nada pensemos, o livro é enfim, um precioso e caríssimo amigo." (FAGUET, Emile)



"Quando meus olhos estâo sujos da civilização, cresce por dentro deles um desejo de árvores e aves.
Tenho gozo de misturar nas minhas fantasias o verdor primal das águas com as vozes civilizadas." (BARROS, Manoel)