segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Nossas bobageras

"A primeira coisa é que eu sei que a palavra bobagera não existe. Mas meu pai, mineiro, era assim que falava quando eu ainda era adolescente:
Devia era prestar concurso pru Banco do Brasil, no lugar de ficar aí escrevendo essas bobageras.
Fiz as duas coisas. Entrei para o Banco do Brasil e continuei a escrever as bobageras. Um dia, deixei os carimbos de lado e fiquei só com as bobageras mesmo."

"... Em terceiro, aproveitar a oportunidade para dedicar ao meu pai este livro que, sem eu pedir, me deu uma Lettera 22 da Olivetti, quando fiz 18 anos, me olhando de soslaio a imaginar quantas bobageras não sairiam dali." ( Mario Prata)



Esse texto está no começo do livro do Mario Prata, Cem Melhores Crônicas ( que, na verdade, são 129), que graças a professora Eliana que o levou para a aula e à minha curiosidade, descobri ser um dos livros mais divertidos que já li.
Achei ótimo esse trecho porque para mim é exatamente o que essa história de blog representa. A possibilidade de escrever sobre nossas bobageras (hihihih). Sobre qualquer coisa que nos interesse.
Suas crônicas são ótimas, e ele tem uma capacidade tão grande de brincar com as palavras que simplesmente não dá vontade de parar de ler. E foi por isso que decidi falar sobre este livro. Através de seus textos percebi( na verdade já sabia, mas ele reforçou a minha opinião), que não são só os assuntos "profundos" ou românticos, por exemplo, que são os mais interessantes, apesar das pessoas darem mais importancia à eles. Não importa se falamos de política ou de amor, o essencial é que escrevamos nossas bobageras.
Mesmo as pessoas que estão escrevendo "meio que contra a vontade", fazem textos ótimos, pois ao compor eles, passam para essas páginas eletrônicas assuntos de seu interesse, acontecimentos de seu cotidiano.
Talvez o assunto seja bobagera para alguns, porém para o escritor não é.


obs: tomara que ninguem interprete esse texto de uma forma ruim pois para mim nossas bobageras são importantes.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Gula

Certo dia acordei com a maior vontade de comer brigadeiro. Fui até o armário da cozinha e vi que não havia leite condensado. Estava quase na hora do almoço, por isso decidi esperar para ir até o mercadinho depois.
Uma hora após a refeição comecei minha jornada, que apesar de ficar perto de casa, teria que subir duas ladeiras grandes na volta.
Estava quase chegando em casa quando passei por uma pessoa com um filhote de cachorro, que simplesmente morreu de amores por mim. E como eu amo animais, não resisti e parei para brincar um pouco com ele. O garoto que estava com cão era muito bonito e nós conversamos um pouco antes de eu voltar para o meu apartamento .
Estava na cozinha pegando tudo que seria necessário para fazer o brigadeiro, quando notei que não tinha nescau. Fiquei tão chatiada. Como era normal sempre ter nescau em casa nem procurei saber se ele estava lá ou não.
Fui até a varanda para olhar as ladeiras que teria que descer e subir novamente, e notei que o garoto com o cão ainda estavam encaminhando-se para a segunda. Não queria passar por ele de novo. Poderia achar que eu estava ali por sua causa.
Lembrei que havia uma padaria na direção oposta, então desci e fui verificar. Ela não estava mais lá, e me recordei que fazia pelo menos uns dois anos desde que tinha ido ali.
Decidi voltar ao mercadinho. O garoto com o filhote não estavam mais em meu caminho.
Tinha descido as duas ladeiras, e estava na rotatoria esperando para atravessar a rua. Já podia sentir o gosto do brigadeiro em minha boca, quando um carro para, e ao deslizar a janela vi que era um amigo meu. Queria saber para onde eu estava indo e se podia me dar uma carona. Meu superego entrou em um pequeno pânico. Não queria dizer que estava indo ao mercado, pois queria comer uma panela de brigadeiro. E naquele momento me deu um branco, não conseguia inventar uma desculpa para ele. Seria tão fácil dizer que estava indo a farmácia! Mas a única coisa que me veio a cabeça foi irformar-lhe que estava indo a casa de minha amiga que ficava em cima de uma outra ladeira.
Ele disse que poderia me levar lá, e eu fiquei sem poder dizer não, já que qualquer pessoa normal preferiria ir de carro, à ter que subir uma montanha à pé.
Ao chegar no prédio agradeci pela carona e fiquei conversando com o porteiro esperando que meu amigo fizesse a volta com o carro e fosse embora. Quando não havia mais sinal de seu celta vermelho, comecei a descer aquela bendita ladeira. Cheguei ao mercado e comprei o nescau.
No caminho de volta mil pensamentos passaram pela minha cabeça. Apesar de não ser religiosa, tinha certeza que aquilo tudo aconteceu pelo tamanho de minha gula e que Deus estava me castigando. Sei que provavelmente é só maluquisse minha, mas foi a única coisa que parecia fazer sentido. Tinha esperado todo mundo ir ao trabalho para poder comer tudo sozinha. e olha o que aconteceu.
Foi a gula.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

meu grande amor

Primeiro gostaria de informar que não vou falar sobre alguém, e sim algo. Pois meu grande amor são meus livros.
Digo isso pois ele pode ser um amor à primeira vista. Mas também posso aprender à admira-lo com o tempo. Mesmo não concordando com seu ponto de vista, o entendo, e respeito o que está à me dizer.
O vejo todos os dias, e está sempre ali para mim quando preciso fugir da realidade, dos textos chatos que as vezes tenho que ler.
Eles continuam a ser lindos aos meus olhos mesmo que com o passar do tempo tenham se tornado amarelos e com um cheiro distinto ( hihihih). Pois para mim sempre terão aquele brilho do dia em que os encontrei na pratileira da livraria.
Minha mãe é super a favor do relacionamento e sempre me apoia a gastar dinheiro com eles.
É uma relação que vem crescendo ao longo dos anos, e que pretendo que fique tão grande que ocupe todas as pratileiras da minha casa.